República de babacas?


Se há uma coisa que eu não fui nos últimos sete anos, foi babaca. Não fui babaca em acreditar que esta Copa deixaria o tal "legado" prometido pelo governo brasileiro, na época chefiado por Luiz Inácio Lula da Silva. Pra ganhar a opinião pública e numa clara jogado política, vendeu-se a ideia de que a Copa deixaria um legado de infraestrutura, principalmente no campo dos transportes. Numa cidade como Salvador, carente em transporte público, aquela conversa do "legado" foi como um "canto da sereia". Salvador já se arrastava em 2007 com uns sete anos de obras do metrô. Boa parte da população soteropolitana “engoliu” aquele papo.

Ontem, o ex-presidente Lula afirmou que o metrô nos estádios é uma babaquice. Logo, se você acreditou na carta de intenções do Brasil dirigida à FIFA, na qual o nosso país prometia cumprir todos os compromissos em infraestrutura, entre eles, a conclusão de linhas de metrô, você é um tremendo "babaca". Você foi enganado.

O Brasil assumiu um compromisso e sete anos depois, muita coisa do que se prometeu não será entregue e outras serão entregues pela metade "porcamente". Nunca acreditei nessa história de “legado”. Cansei de falar isso a amigos e manifestei essa minha descrença nos meus trabalhos como chargista desde o dia em que o Brasil ganhou os direitos em sediar a Copa. Vi muitos amigos meus vendo na Copa do Mundo, uma oportunidade de ver muitas obras serem concluídas rapidamente, obras essas que em situações comuns levariam anos e mais anos. Em países sérios, isso faria sentido, não no nosso.

Muita gente citava os jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992 como exemplo de grande evento esportivo que transformou Barcelona e deixou um legado. Ok, o raciocínio era correto, houve um grande legado sim. Em contrapartida, eu tinha como exemplo bem nosso pra justificar o meu ponto de vista: o Pan do Rio, daquele mesmo ano de 2007 quando faturamos o direito de sediar a Copa. O Pan do Rio foi um exemplo de “farra” com o dinheiro público. As obras custaram muito acima do previsto, numa clara evidência de superfaturamento. Nos papos com os amigos, tanto no trabalho ou no bairro onde moro, virei um “pregador no deserto”. Agora tá todo mundo aí, com “cara de bunda”, de enganado, e ainda sendo chamado, indiretamente de “babaca”.

Mas alguém vai dizer: “Mas o metrô vai funcionar de graça em Salvador”. É verdade, o metrô de 6 km de Salvador vai funcionar de graça. Mas aí eu te pergunto? Pra quem? Pros moradores de Cajazeiras, Pau da Lima, Vila Canária, Sete de Abril? O metrô de Salvador não liga os extremos da cidade como deveria ser. A expressão “babaquice” nesse contexto vai muito além de ir ou não de metrô pra Copa. Quem acreditou na piscina olímpica de Salvador que o governador Jaques Wagner prometeu ao demolir antiga Fonte Nova, também, nesse aspecto foi “babaca”.

O povo brasileiro foi “babaca” - segundo a visão "lulística" - em acreditar em todas as promessas do tal legado. A única coisa que cumpriram fielmente, mesmo a trancos e barrancos, foram as arenas, porque sem estádios, na há Copa. Se nem estas estivessem prontas, aí seria a incompetência da incompetência.

Gosto muito de futebol, torço pela Seleção Brasileira, sendo a Copa do Mundo aqui ou em outro país. Contudo, a Copa do Mundo aqui no Brasil não iludiu a minha consciência e nem o meu senso crítico.

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