"GONZAGA - DE PAI PRA FILHO




Hoje finalmente pude ver o filme "Gonzaga - de pai pra filho". O filme lança luzes sobre o outro lado do "Rei do Baião", o Luiz Gonzaga além da aura mítica, humano como outro qualquer, cheio de erros e qualidades. O filme ajuda-nos a entender o relacionamento conturbado entre o velho "Lua" e o seu filho, Gonzaguinha que cresceu revoltado pela distância do pai enquanto esse vivia com os seus compromissos profissionais, criado pelos padrinhos.

O filme é um ajuste de contas entre pai e filho ao mesmo tempo em que percorre a carreira do Gonzagão desde a sua vida no sertão pernambucano, o começo da carreira no Rio de Janeiro, o sucesso entre os anos 1940 e 1950 e a decadência nos anos1960, decadência essa provocada pelo surgimento da Bossa-nova e da Jovem Guarda que “limaram” do mapa artistas de apelo popular. Gonzagão não foi a única vítima; artistas como Sílvio Caldas, Jackson do Pandeiro, cantores de “fossa” e estilos tidos como “cafona” foram “atropelados” pelos dois movimentos. O filme não cita, mas o resgate de Luiz Gonzaga a partir do início da década de 1970 se deve em parte aos tropicalistas (olha eles aí de novo) que buscavam fazer a ponte entre o tradicional e popular com o contemporâneo. No seu show antológico no Teatro Teresa Raquel, em 1972, Gonzaga já utiliza no seu show uma guitarra elétrica, um dos símbolos tropicalistas, em meio ao som de zabumba, triângulo e sanfona. 

Vale a pena conferir. Gostei das atuações do Julio Andrade (o Gonzaguinha adulto e já famoso), Chambinho do Acordeon ( Gonzagão jovem – adulto), Nanda Costa ( Odaléia, mãe de Gonzaguinha) e da nossa baiana Cyria Coentro (Santana, mãe de Gonzagão).

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